quarta-feira, 30 de março de 2011

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Os Ciganos - Capítulo XXXIII

Andy chegou em minha casa já era noite, acompanhado de Reika.

– Miguel faleceu! – disse ele - Antes de falecer contou para Reika e um policial, que o homem estava esperando eles no barraco de Sara, e quando ela entrou ele foi agarrando-a e tentando beijá-la. Miguel tentou defender a moça, mas o homem virou-se contra ele e o agrediu furiosamente, atingindo-o com as barras de ferro que sustentavam o barraco. Foi demolindo tudo e jogando todas as coisas pela areia. Muito ferido Miguel tentava socorrer Sara que se debatia feito louca. Sara correu para fora e ele a seguiu atingindo-a com uma das barras de ferro e ela caiu na água. Miguel arrastou-se até onde estava o homem que olhava Sara afundar. Quando o viu, o homem novamente o atingiu e aí ele não viu mais nada. Amanhã saberemos o resultado das autópsias, meu pai e meus tios estão nos ajudando.

Reika continuava a soluçar baixinho. Eu não sabia o que falar. Então Andy perguntou:

– Você disse ter visto um homem vigiando Sara. Onde foi isso? Você pode fazer um retrato falado dessa pessoa?

– Retrato falado? Como é isso?

– Você fala a uma pessoa especialista nessa área, e essa pessoa desenha um retrato conforme suas explicações. E aí você diz se o retrato se parece com a pessoa que você viu.

– Ah! Posso sim! Lembro bem da fisionomia dele. Não sei por que fiquei impressionada com ele, olhando sempre fixamente para Sara enquanto ela dançava e cantava. Achei aquilo estranho.

– Então vamos lá. Quanto antes fizermos isso, tanto mais cedo os fatos se resolvem, se é que o homem seja o mesmo da agressão.

– Mas é bem tarde não? – falei.

– Veja com seus pais se você pode ir.

Falei com papai, mas ele disse que eu só iria se ele fosse junto. Andy concordou. E lá fomos nós, papai ainda de uniforme de gari, eu de short e sandália de borracha como andava em casa após meu banho noturno, entrando no Mercedes último tipo do pai de Andy. Se não fosse trágico, seria hilário.

Em uma sala cheia de computadores e mesas ovais, fiz o tal retrato falado. E não é que a imagem desenhada pelo especialista, era tal igual a cara do fulano que olhava para Sara na praia, e em frente ao shopping? Gente! Que coisa! Tem pessoas que são especiais mesmo! Esse especialista merecia o título que lhe davam!

Em meu quarto, deitada no silêncio, as imagens do dia dançavam em minha cabeça, ora Sara boiando nas águas enroscada nas pedras, ora Miguel todo roxo de pancada sorria para mim, e ainda o desenhista colocando no papel a cara do suspeito. Muita informação para minha cabeça. Não conseguia dormir.



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