Quando eu subia pelos galhos a procura de alguma fruta, imaginava mil coisas. Ah! Imaginação fértil de criança! Gostava de colocar fadas entre as roseiras, gnomos entre as árvores e os canteiros do jardim, bruxas e bruxos voando em suas vassouras e disparando estrelas coloridas com suas varinhas mágicas. Era tão divertido!
Depois do pomar, o que mais me dá saudade, é o curral. Um curral com cheiro de leite fresquinho. Leite com chocolate, com canela, com caramelo feito em casa. Delícia! Toda manhã eu corria para lá com uma caneca de alumínio em punho, na qual Dona Maria havia colocado alguma coisa no fundo. Nem olhava para ver o que era. Era melhor a surpresa quando tomava depois sentindo o sabor do leite tirado na hora, espumando, com gosto de...canela. No outro dia era com gosto de...chocolate. Ah! Que delícia!
Nossa casa ficava em frente de copadas e altas árvores onde as galinhas faziam seus poleiros noturnos, e os galos mais velhos do terreiro subiam para cantar seu hino matinal anunciando a aurora.
Meu pai fez essa casa para minha mãe quando se casaram, com muito amor, dizia sempre. Era muito grande. No piso inferior ficava a cozinha, a lavanderia, despensas, uma sala de visitas enorme e uma churrasqueira muito caprichada, onde semanalmente era feito um churrasco muito gaúcho, na maior e melhor sistemática do pampa. Nesse almoço todos os peões e suas famílias participavam, meu pai fazia questão disso.
No piso superior da casa ficavam os quartos, amplos, arejados e confortáveis. Eu amava muito essa casa. Mas amplitude do ar livre me chamava logo cedo para fora dela, e ali ficava até o escurecer, entrando somente o tempo suficiente para me deliciar com a comida saborosa de dona Maria.
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