quinta-feira, 5 de maio de 2011

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A(pesar).















apesar de tudo (e apesar do nada)
amanhã será outro dia (uma sina eterna)
não importa o futebol (nem o mercado financeiro)
não importa o trabalho (nem a ausência do coringa no baralho)
não importa a falta de alguém (nem a falta de coragem)
não importa as conseqüências (nem miragens que delas saltam)

apesar de tudo (e antes de mais nada)
amanhã será outro dia (seguido de outra noite)
o sol estará sempre brilhando (e ardendo em olhos cansados)
a lua estará sempre iluminando (algum sonho que restou)
não importa a condução (das idéias)
não importa nada (a não ser elas)

apesar de tudo (e do nada)
amanhã será outro dia (seguido de mais outro)
há uma constante mola impulsionando (e contraindo o coração)
a gente neste jogo bonito da vida (e a partida nem está ganha)

apesar de tudo (e ainda, do nada)
há sempre alguma coisa (algum enlevo)
que nos acontece (e nos estremece)
ao ouvirmos uma música (e levitarmos)
ao ouvirmos um sorriso de criança (e sabermos de sonhos)
ao sentirmos um toque amigo (que acalanta)
ao cruzarmos uma rua (sem precisar olhar para os lados)
no brilho etílico da chuva (,bêbados de esperança)

não importa, apesar de tudo (nem apesar do nada)
temos essa força estranha (que nos segura)
que nos faz cumprir (à duras linhas)
nosso destino encoberto (feito ditadura)
por misteriosos símbolos (e seus enigmas todos)
que aos poucos (,cristalizados no rosto,)
vamos decifrando (nosso destino)

Osvaldo Pastorelli (Ana Peluso)

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