segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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A Dama do metrô - 1

Osvaldo Pastorelli   


Não estava atrasada. Tinha de vantagem umas duas horas mais ou menos, porém não podia fazer corpo mole, não podia ficar esperando um metrô vazio, o primeiro que viesse teria que tomar.
A plataforma como sempre estava cheia. Não teve dificuldade para entrar. Ficou prensada entre uma moça e um homem grande, barrigudo na sua frente que a olhou maliciosamente. Não deu pelota para ele.
Na Sé conseguiu pegar um vazio. Ao seu lado estava um rapaz, de terno e gravata, feições atraentes, e o que mais chamou sua atenção foi os lábios, vermelho, parecendo batom. Contraiu os músculos num pequeno sorrir ao pensar maliciosamente.
- Será que lá é tão vermelho assim como é o seu lábio?
Nisso, sem que percebesse, ficaram um de frente para outro. Não tinha como mudar de posição. Sentiu uma forte atração pelo rapaz. Aproveitando o balanço do trem, se aproximou mais, quase sentia a respiração quente. Controlou-se juntando sua audácia na palma da mão fechada, pois ela já estava roçando a braguilha da calça azul marinho bem passada. Uma quentura subiu por sua espinha. Não queria se enfiar em aventura, já tivera muita nessas mesmas condições. Entre suas amigas ganhara até um apelido por causa disso: A Dama Do Metrô. Olhou mais uma vez nos olhos azuis do rapaz, e mentalmente jogou um beijo e desceu na próxima estação.




pastorelli



Imagem: Nancy Torres

Leia a Dama do Metrô 2

1 Comentário

Thabata Arruda

Olá!
Conter os impulsos é complicado!

Nossa, foi uma surpresa quando vi que também está aqui nessa "casa", fiquei feliz. Parabéns.

Abraços e sucesso.

Beijos. Até!