se me dessem um caule
em cravo – vermelho – numa dessas noites de fim de tarde
de fim de outono, um
silêncio de frio gelado
numa dessas noites em
que nosso corpo é ardido por um calor sem esperança
estrelas passageiras
- pois estrelas ficam
mais distantes e límpidas nas noites frias -
eu montava uma varanda
de cravos de cravos
semeava cravos
vermelhos em trilha negra por essas minhas paredes
para depois dormir
dormir com o silêncio
que fazem tantos cravos
e tantas estrelas no
azul verde escuro da floresta
e tanta solidão na
tristeza gelada do pensamento
sabem essas noites
transparentes de esperança que não são quentes
mas, em que teu corpo é
invadido por agulhadas no frio suave
- eu já estou quase sem
nome – e para minhas estrelas
para meus cravos
peço baixinho
devagarzinho
que sussurrem, sussurrem
novamente.
2 comentários
que ardência lírica sublime. senti até uma espetada no vão entre as costelas de uma fina e doce melancolia. bela poética, parabéns! abraço
Obrigada, Pablo. Essa poesia está entre as primeiras que fiz, no começo dos anos 90. Realmente o lirismo é intenso e espontâneo. Abraço.
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