domingo, 13 de janeiro de 2013

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CRAVOS VERMELHOS (ANOS 90) - JANDIRA ZANCHI


se me dessem um caule em cravo – vermelho – numa dessas noites de fim de tarde
de fim de outono, um silêncio de frio gelado
numa dessas noites em que nosso corpo é ardido por um calor sem esperança
estrelas passageiras
- pois estrelas ficam mais distantes e límpidas nas noites frias -
eu montava uma varanda de cravos  de cravos
semeava cravos vermelhos em trilha negra por essas minhas paredes
para depois dormir
dormir com o silêncio que fazem tantos cravos
e tantas estrelas no azul verde escuro da floresta
e tanta solidão na tristeza gelada do pensamento
sabem essas noites transparentes de esperança que não são quentes
mas, em que teu corpo é invadido por agulhadas no frio suave
- eu já estou quase sem nome – e para minhas estrelas
para meus cravos
peço baixinho devagarzinho
que sussurrem,  sussurrem  novamente.

2 comentários

Pablo Flora

que ardência lírica sublime. senti até uma espetada no vão entre as costelas de uma fina e doce melancolia. bela poética, parabéns! abraço

Jandira Zanchi

Obrigada, Pablo. Essa poesia está entre as primeiras que fiz, no começo dos anos 90. Realmente o lirismo é intenso e espontâneo. Abraço.