Íamos a Igreja todo Domingo. Era uma obrigação a que meu pai não abria mão de jeito nenhum. A da missa dominical.
Naquele Domingo, levantei cedinho e fui para o curral tomar meu leite quentinho antes de irmos para missa. Meu pai já estava de terno e gravata e minha mãe nos trinques. Voltei correndo do curral a tempo de subir no carro com a família.
Chegamos bem adiantados à Igreja, era costume de meu pai chegar cedo para jogar conversa fora com os conhecidos. Desci do carro, e ia entrar com minha mãe na Igreja quando vi uma menina sentada na escadaria, olhando para nosso lado. Era uma menina morena, com longos cabelos e lindos olhos negros. Larguei da mão de minha mãe e me aproximei da garota.
- Como é seu nome? - perguntei.
- Aracê! - disse ela.
- Meu nome é Laura. Estranho seu nome! – Falei sentando-me a seu lado.
- Eu sei. É nome índio. Quer dizer aurora ou nascer do dia na língua de meus pais.
- Nunca vi você antes, onde mora?
- Na fazenda de seu pai.
- Mesmo? Nunca vi você lá.
- Fico mais em casa ajudando minha mãe. Mas tenho vontade de ir brincar com vocês debaixo das "fruiteiras".
- Fruiteiras! - disse rindo - parece seu Pedro!
- É! Aprendi com ele. Seu Pedro vai com Dona Maria jantar em nossa casa algumas vezes.
- Então venha brincar comigo essa tarde, espero você no pomar. Você vem?
- Vou pedir para minha mãe. Acho que ela vai deixar.
- Então vou esperar você, Aracê! Meu pai já está vindo para a escadaria da Igreja é hora de entrar. Vejo você mais tarde.
Saí correndo para encontrar meu pai, pois a missa ia começar. Mas estava ansiosa para chegar a tarde e poder ir brincar com a nova amiguinha.
Quando a missa terminou, como em todos os domingos, as pessoas paravam para conversar no átrio, com os convites de: "chega lá depois para o chá com bolinhos" ou "venha para ver meu novo crochê", e coisas assim. Depois dessas conversas, fomos para casa.
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