Palavras
mostram o caminho da liberdade dando sentido à arte de escrever e ao viver na
poesia. Escritores atuam como apresentadores ao desfilarem palavras na
passarela da cultura.
É através da literatura que
indago o sentido da vida, quando é feito de palavras provocativas e renovadoras
que me inspiram e permitem que eu reflita sobre a realidade.
Paulo Monteiro e Vergílio Alberto
Vieira exercitam a arte de poetizar como instrumento da liberdade e, ao lê-los,
percebo suas influências no meu pensamento; assim, reconheço no encontro entre
os dois poetas, suas diferenças nas semelhanças e no pluralismo das ideias como
desafio.
Paulo Monteiro, com a poesia, “antipoema // logo as portas do cadafalso se
abrirão / e não mais serei escravo de ninguém / voarei como um pássaro / nem
sei para onde / mas será um lugar melhor do que este / aliás qualquer lugar é
melhor do que este / / nem enterrem meu coração na curva do rio / lancem minhas
cinzas no rio da minha infância / entre as pedras do pinheiro torto / lá onde a
jaguatirica e seus filhotes vão beber a água / nos três potes quebrados pela
saracura // à noite os vagalumes voarão em curvas sobre as águas / o corujão-de-orelhas
lançará seus gritos de alerta / e minha alma / esta sacha de todos os poetas /
ao lado da alma de manuel bandeira / ouvirá o chilrear do pardalzinho”.
E,
Vergílio A. Vieira,com o poema, “Arte
Poética // Já perto da boca / ardem as arcas // e ainda o sigilo das águas /
mal do corpo // ágil se despede Quem / tão lentamente // entre sinais de fogo /
desarma o coração // Pelos vestígios da hera / retomo a criação //do rosto o
rosto / apenas chamo // a soltar a terra / onde o nome // das aves // branco se
anuncia”.
Não restam dúvidas, frente a
frente, eles permanecem em diferentes sensibilidades e no mesmo plano
intelectual. Razão para relacioná-los como escritores que demonstram ser a
habilidade de expressar emoções algo que torna o leitor especial; os movimentos
de suas palavras levam-me a refletir sobre a interação arte & cotidiano e,
a partir daí, anunciar-me, não apenas para reinventar-me, mas também para lidar
com as ilusões ao me traduzir.
Prova disso, de encontro ao meu
cotidiano, transponho em imagens as ideias de Paulo e Vergílio e vou ao âmago
da questão: sinto que a palavra rompe marcos e dá sentido à vida.
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