sábado, 11 de fevereiro de 2012

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Sábado com os autores [2012, de 04 a 10.02]



  • A Dama do Metrô 68

    Arrastando os pés, caminhava procurando a lentidão das sombras nas marquises dos edifícios humanos.De vez em quando tropeçava num corpo dormindo ao relento da madrugada enrolada em cobertores sujos ou em papéis ou caixas de papelão.Roçava a pele na friagem quando entrou no terminal de ônibus. Dirigiu-se ao clichê e pediu decidida.- Por favor, uma passagem para São Paulo.Sua mão tremia de frio no...
Posted: 2012-02-10 09:32:00 UTC-02:00

  • Leonardo Boff - Brasil: de empresa internacionalizada à uma sociedade biocentrada

    Posted: 2012-02-10 00:01:00 UTC-02:00
    Há interpretações clássicas sobre a formação da nação-Brasil. Mas esta do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima é seguramente singular e adequada para entender o Brasil no atual processo mundial de globalização: A Refundação do Brasil: rumo a uma sociedade biocentrada (Rima,São Carlos 2011). Seu ponto de partida é o fato brutal da invasão e expropriação das terras brasileiras pelos
  • O instante

    Posted: 2012-02-09 23:22:40 UTC-02:00
    O instante Parou com a mão na porta , num último olhar para a sala de jantar, campo de mil batalhas conjugais. A madrugada definhava , a porta da garagem ainda por fechar, o portão da rua , já aberto . Inclinou -se , pegando o pouco que lhe cabia daquela precariedade Ao virar-se para sair , viu o velho andrajoso, virando a lata de lixo. Fechou o portão, entrou ,
  • 'Sopros' - Tradução de Carlos Roldán

    Posted: 2012-02-09 17:28:32 UTC-02:00
    En la sangre de una carne trémula como bandera al viento soy la furia no contenida por la confusión de los huesos. La memoria contra la piel espesa. Y porque me aman a las minas de lo alto de las montañasme voy dejando surgir entre los poros de la tierra.Inhalo el tiempo, soplo las ventanas. Soy yo que me respiro.Luego, desde el fondo, algo me cubre. .........................................
  • CONTAÇÃO: "O voo do menino" (por M.Mei)

    Posted: 2012-02-09 14:49:50 UTC-02:00
    O VOO DO MENINO O menino não tinha asas, mas queria voar. Passou dias recolhendo ideias que pudessem servir para a feitura de suas próprias asas: garrafas de plástico vazias, palitos de sorvete, pedaços de cartolina, lápis de cor e cola. Pegou os cordões dos tênis do pai e os escondeu debaixo da cama. Fez o mesmo com um soldado de brinquedo do irmão mais velho e alguns retalhos
  • OUVIR

    Posted: 2012-02-09 17:57:37 UTC-02:00
    Ouço o brarulho alguém precede ao tempo e o entulha em obras imaginárias a atmosfera se encarrega da oxidação dos fatos ouço o grito do pássaro e alguém prossegue em obras imaginadas o ar carregado da praia salitre sobre a área se encarrega da posteridade. (Pedro Du Bois, inédito)
  • Mandinga de amor

    Posted: 2012-02-09 20:14:28 UTC-02:00
    u m a s e q ü ê n c i a d e l e t r a s e s p a ç a d a sp e r n a s d e g r i l o su n h a s d e l a g a r t i x a soutodasaspalavrasescritasjuntaslínguasdemorcegosfolhasdaárvorequedámelanciassi-bas-la-em-ra-ba-das-lhanis-de-pê-for-gas-milos-qui-de-sas-de-a-bé-lu-li-laspalavras seguidasentre linhas trocadaspra não haver dúvida do fogo brandolevar ao ponto de preparonum tacho de sal grossoareado
  • VIDA e POESIA: ZIZA TREIN

    Posted: 2012-02-09 11:37:10 UTC-02:00
    “Onde está aquela menina / que andava de mãos dadas com o pai / pelos trilhos de trem?...”Foi no período de 1923 a 1981 que a poetiza passofundense, Ziza de Araújo Trein, escreveu o livro VIDA e POESIA. A obra é dividida em duas partes: Poesias Ingênuas e Na Andança da Vida.Considero o livro de imperdível leitura, pois, ao criar arte, naquela época, ela revela com palavras mágicas as experiências
  • Sopros

    Posted: 2012-02-08 13:13:03 UTC-02:00
    No sangue de uma carne trêmula como bandeira ao vento sou a fúria incontida pela confusão dos ossos. A memória contra a pele espessa. E porque me amam como às minas do alto das montanhas vou me deixando surgir entre os poros da terra. Inalo o tempo, sopro ventanias. Sou eu que me respiro. Pois, por trás de tudo, algo me cobre. Sonia Regina Imagem: Bogdan-Andrei Ailincai
  • A DANÇA DOS ARCOS 1. - JANDIRA ZANCHI

    Posted: 2012-02-08 11:35:57 UTC-02:00
    A DANÇA DOS ARCOS 1. Era cálida a noite no deserto. Brancas e sem imposições as estrelas nadavam lentas, deslizando sobre os solos despidos de fantasia. Não se perturbavam do discurso dos homens e, exiladas de seu canto, permaneciam vãs e vácuo pôr entre as sombras da criação. Atílio e Amadeu haviam armado suas tendas e aqueciam a fogueira dos primeiros versos.- Sem dúvida
  • Posted: 2012-02-07 09:21:10 UTC-02:00
    1 Agora estou no centro do quarto, exatamente. Não há móveis nem tampouco uma cama: durmo no chão, coberto pela noite. Tenho alguns livros, mas já não os leio. Desisti das palavras alheias; as palavras têm um sabor acre. Poupei apenas a letra Z. Assim eu me chamo. As paredes do meu quarto são o meu mundo. Mudo. Já não falo há séculos e a minha língua é um objeto verde. Não posso afirmar
  • CONFLITOS

    Posted: 2012-02-07 01:01:22 UTC-02:00
    Dois. Homens. Um. Barba grande, rosto vermelho. Nariz também. Olhos brilhantes. O outro magro. Rosto comprido e pelado. Pouco cabelo. Dentes trincados. No ar as ofensas. Um olho dentro do outro. Cruzamentos de ódio. Movimentos ao redor. Estudo do corpo. Dança. O momento do soco. A mão. Punho serrado e duro. O lábio em explosão. Sangue. Gotas na camiseta. Na boca. Novamente o punho. Baixo
  • As Crônicas de Márnio

    Posted: 2012-02-06 18:52:25 UTC-02:00
    Márnio era auxiliar de cartório no décimo ofício de notas, ali na Rua Erasmo Braga, perto do Menezes Cortes. Tão perto que não sabem os menos velhos, mas o Menezes Cortes outrora se chamou Erasmo Braga. O terminal, claro. Até que um acidente de avião vitimou o general-deputado (que pessoalmente não conheci, mas pelos títulos só podia ser boa gente...) e em sua homenagem póstuma rebatizaram o
  • À DERIVA...

    Posted: 2012-02-06 18:52:57 UTC-02:00
    É tudo! O sexo sem nexo... O abismo entre o nonsense e o complexo... Segura-me as mãos, um anjo de asas postiças que de anjo nada tem, pois é andarilho de Hades, jardineiro hábil que semeia miosótis pelos meus jardins, regando as cavas profundas do meu corpo, esculpindo meus sonhos em rosas-marfim. É tudo! Suposto... Oposto... O rosto... O gosto sem gosto... Água pura de insípida geleira
  • Gabriel, cap 17 - trecho

    Posted: 2012-02-06 10:37:01 UTC-02:00
    Enquanto caminhava, a cabeça cheia de questões sem resposta, Gabriel começou a se sentir estranho: uma ligeira dor na barriga, coisa para ele desconhecida até então. Daí que se lembrou do café da manhã providenciado por Aldo, dos pães, ovos. Sim, e o que a princípio era uma ligeira dor de barriga rapidamente foi se transformando numa bruta caganeira — e ele não sabia lidar com aquilo.
  • Estética, Literatura e Ensino

    Posted: 2012-02-06 07:20:52 UTC-02:00
    Estética, Literatura e Ensino De uma forma consensual, é reconhecido a Baumgarten (1750) o estabelecimento dos fundamentos de pensar e escrever sobre o estudo que diz respeito à beleza, às artes, ao receptor e ao artista. Falamos da «Estética» de Baumgarten definida como ciência da cognição sensível, que atribui grande importância aos sentidos como fundamentação dos juízos, considerados,
  • A CONSTRUÇÃO DO GESTO

    Posted: 2012-02-05 23:51:53 UTC-02:00
    Na construção do gesto temos a representação do pedreiro como fonte primordial da vitalidade em quem podemos acreditar como possibilidades da importância das mãos. “Tenho a terra sob asunhas / o que seria meu / e de todos...// - o que seria se a terra estivesse / sob as unhas // a asmãos calejadas” (Pedro Du Bois) Na música, Chico Buarque homenageia o pedreiro como motivo do mais legítimo
  • MENDIGAS - JANDIRA ZANCHI

    Posted: 2012-02-05 23:14:09 UTC-02:00
    quando me subjugo aos meus fatos faço o instantâneo da história nas estórias mendigas – previsíveis amarelas de sombras e escusas o tempo ralando-se no ruído das lembranças puídas poentes pacíficas corrompidas....
  • O retorno de Carlitos

    Posted: 2012-02-05 23:12:43 UTC-02:00
    Sônia PillonEle chegou com aquele jeito de sempre, sorrateira e desajeitadamente, girando a bengala com uma mão e coçando o bigodinho com a outra. O mesmo terno surrado, o mesmo chapéu coco, as mesmas calças largas, os mesmos sapatos, grandes e furados... Mal tinha amanhecido, e os operários do primeiro turno chegavam um a um, preparados para assumir seus postos. As exportações voltaram com força
  • Rua das Pretas

    Posted: 2012-02-05 23:13:43 UTC-02:00
    Ao início da tarde desliguei o telemóvel para respirar melodia com um programa refinado e intemporal: Novembro é uma árvore frondosa para usufruir a área musical, não me perguntem porquê. Mergulho em Jessye Norman, John Cage, Dvorák, Vicente Celestino Heckel Tavares, Hans Joachim Koellreutter. No silêncio diurno, a luz fraca, encontrei-me envolto nas trevas do exílio onde o medo impera e embalo a
  • O silêncio do inocente

    Posted: 2012-02-05 23:13:43 UTC-02:00
    Depois de tirar a roupa, atirou-se ao rio e pôs termo à vida. Vítima de bullying, a única saída possível foi a morte. Chamava-se Leandro, frequentava o sexto ano de escolaridade e tinha doze anos. E onde estavam todos? Onde andavam enquanto esta criança foi reiteradamente humilhada pelos colegas? Ninguém deu a menor importância a nenhum dos sinais de aflição? Oiço a notícia em forma de náusea na
  • A missão de Leandro

    Posted: 2012-02-05 23:12:43 UTC-02:00
    Sônia PillonLeandro chegou à manifestação determinado.Queria estimular as pessoas a também empunharem a bandeira da igualdade e da cidadania para todos. Em sua cadeira de rodas, se apressou em marcar presença na Câmara de Vereadores de Guaramirim, mesmo com aquele sol abrasador.A passeata foi encabeçada pela Apae,que compareceu em peso, ao lado das demais escolas da rede regular de ensino. O
  • Ler para crescer

    Posted: 2012-02-05 15:44:38 UTC-02:00
    Nunca me esqueci que antes de ser poeta era um leitor ... E depois de ser continuo a sê-lo. O poeta não brota duma tonta ou sábia semente Ele se constrói como o caule da couve ou da roseira É através da leitura que ele faz medrar a sua horta e o seu jardim. (TA) Theófilo de Amarante (Fernando Oliveira)
  • O MONSTRO - Soneto de Adelina Velho da Palma

    Posted: 2012-02-05 13:00:53 UTC-02:00
    O MONSTRO HUMANO O monstro pertence à espécie humana Foi gerado por vias sexuais Foi nascido do próprio dos canais E precisa de olear a carripana… O monstro exibe uma postura ufana Vê TV, reflete e lê jornaisDebita sobre princípios moraisE não falha uma festa mundana…É um monstro daqueles especiaisPrefere atacar ao fim-de-semanaMandando tudo e todos aos pardais…Este monstro a mim já não
  • A Dama do Metrô 67

    Posted: 2012-02-05 11:15:23 UTC-02:00
    A manhã transcorria normalmente se apresentava aos olhos sensíveis da menina que já estava com dezesseis anos, todo o esplendor da primavera que radiava na forma do sol esturricando casas, ruas, plantas e pessoas.Malu de shorts curto, com a blusa apenas amarrada às pontas sem abotoá-la, com uma das pernas jogadas por cima do braço da poltrona, com um copo suculento de sorvete, o qual saboreava

    texto pequeno sobre poemas Grandes

    Posted: 05 Feb 2012 07:03 AM PST

    Pequeno canto às mães e a Herberto Helder Soube ontem pelo meu amigo Cássio Amaral (poeta colaborador de Letras et cetera) que sua filhota vai nascer amanhã. Quis escrever um poema, mas minha poesia anda arredia. E no entanto sei que somos, todos, um poema em construção. Como tal, um vigor quase visceral - desencapado de meiguice.A fúria contida na energia pura pode afastar - ou aproximar,


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